Ataque a servidor do Pirate Bay teve origem em Braga. O mirror que replica o serviço continua a operar em Portugal apesar de as ligações ao site passarem pela Holanda.

 

A versão original do mirror do The Pirate Bay (TPB) teve vida curta, devido a um pedido de remoção de entidades que representam autores e produtores de vídeos (FEVIP, GEDIPE e MAPiNET). «Mas antes disso sofremos um ataque de DDoS (Distributed Denial of Service), com milhares de pedidos de acesso por segundo, que bloqueou o site», garante sprinkle, o porta-voz do coletivo de 20 pessoas que criou o polémico mirror, sob a condição de não revelar o nome real.

O mentor do “mirror”, que apenas aceita dizer que é um profissional das tecnologias, acrescenta alguns detalhes sobre o ataque de DDoS: «os ataque foi gerado com um número de IP que costuma ser usado em Braga. Sei que esse número de IP é usado naquela região devido a outros serviços que conheço bem e que usam números de IP parecidos».

No caso de ser inquirido pela justiça durante uma eventual investigação ao mirror do TPB, Sprinkle diz-se disposto a apresentar o comprovativo do número de IP que terá sido usado no ataque. «Só depois do ataque, o serviço de alojamento da Claranet removeu o site», reitera o defensor da livre partilha de ficheiros. Quanto aos autores do ataque de DDoS, Sprinkle não adianta qualquer suspeito. Contactadas pela Exame Informática, representantes da FEVIP, GEDIPE e MAPiNET negam qualquer relação com o ataque.

As revelações sobre o mirror do TPB não se ficam por aqui. Sprinkle garante que o servidor que replica o mais famoso site de partilha de ficheiros do mundo continua a funcionar em Portugal, mas passou a ter por porta de entrada um servidor na Holanda, que tem 10 números de IP que mudam regularmente. O responsável pelo site explica ainda que recorreu a tecnologia CURL PHP para redirecionar os internautas do endereço alojado na Holanda para o servidor que se encontra a operar em Portugal. Sprinkle duvida que tanto representantes de autores e editores como as autoridades consigam alguma vez descobrir onde se encontra o servidor do TPB em Portugal. «Nunca, mas mesmo nunca, me vão conseguir impedir  de partilhar ficheiros na Net. Eu e outras pessoas estamos aqui para dar guerra», afirma.

O duplo redirecionamento (para Portugal via Holanda) pode trazer para o polémico mirror utilizadores de outros países onde o TPB está bloqueado por ordem das autoridades. «Na própria Holanda, o TPB está bloqueado, e este mirror pode ser uma forma de essas pessoas usarem o serviço», acrescenta.

Sprinkle diz ser um adepto do open source e da partilha da informação, mas considera que não está fazer nada de ilegal ao criar um mirror do TPB: «Ao promover um site, não estou a promover o conteúdo que lá é partilhado. O facto de ir a uma loja onde se vende droga ilegal e comprar um pacote de arroz não faz de mim um criminoso».

O responsável pelo mirror do TPB promete lançar, em breve, um site especializado na partilha de links que permitem fazer o download livre de vários tipos de ficheiro. O acesso será gratuito e a inserção de links para downloads será livre, apesar de estar prevista uma análise daquilo que é disponibilizado. «Não vamos disponibilizar os conteúdos, apenas os links. E por isso as tais entidades que dizem representar os autores não vão poder fazer nada sobre este assunto», assevera.

Sprinkle acrescenta ainda a disponibilidade para, no futuro, negociar com autores uma eventual partilha de receitas, caso este novo site de nome ainda desconhecido (mas já divulgado no endereço do mirror do TPB) venha a enveredar por um modelo de negócios assente em publicidade ou subscrições. «Não teria problema em dar 50% dos lucros aos autores. Hoje, apenas perco dinheiro a criar estes sites e o meu único objetivo é mudar mentalidades», conclui, reiterando não estar disposto a partilhar qualquer receita hipotética com editores ou operadores de telecomunicações.

Milex - Informática © 2009